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Wednesday, January 19, 2011

Deus Não Gosta de Nós





Título: Deus Não Gosta de Nós

Autor: Hank Moody

Edição: Marcador


O livro escrito por Hank Moody e que lhe garantiu o estatuto de one-hit-wonder na literatura chega agora a Portugal e já passou pela mesa-de-cabeceira. Até aqui nada de estranho, não fosse Hank ser uma personagem da brilhante série Californication e não um escritor de carne e osso propriamente dito. Mas isso não vem ao caso.

Aqui, o narrador descreve a sua trajectória depois de largar a faculdade e de se tornar acidentamente traficante de droga, mudando-se para o mítico Chelsea Hotel. Pelo meio deparamo-nos com uma ex-namorada tresloucada, um junkie espertalhão de Wall Street e um aspirante a estrela de rock com uma namorada irresistível.

Divertido, mordaz e negro, «Deus Não Gosta de Nós» é, ainda assim, optimista. A comparação com «Menos Que Zero», de Bret Easton Ellis, acaba por ser inevitável.

Apesar de - infelizmente - o título não ter sido traduzido à letra, a tradução em si está irreprensível e o resultado final é bastante satisfatório.

Uma excelente estreia, tanto para o «autor» como para a editora.


PS. Seria bom que a moda pegasse, pois gostaria muito de um dia ler um livro «escrito» pelo Alan Shore.

Tuesday, August 3, 2010

Imperial Bedrooms


Título: Imperial Bedrooms

Autor: Bret Easton Ellis

Edição: Knof




Imperial Bedrooms retoma a personagem de Menos Que Zero, Clay, vinte e cinco anos depois, quando este regressa à Los Angeles natal depois de uma longa ausência em Nova Iorque. A ex-namorada de Clay, Blair, é agora casada com Trent, que entretanto se tornou produtor de cinema, e o seu velho amigo Julian é, supostamente, o responsável por uma rede de prostituição de jovens adolescentes. Rip, o antigo dealer de Clay e dono de um trust fund inesgotável, está irreconhecível após tantas cirurgias plásticas.

Clay regressa a Los Angeles para o casting de um filme que está a ser produzido com base num romance seu publicado nos anos 80, e cujo argumento está a escrever. Porém, mal se instala, começa a sentir-se vigiado por alguém que se encontra nas sombras, ao mesmo tempo que desenvolve uma obsessão por uma actriz pouco talentosa que pretende um papel no seu filme, Rain Turner.

Uma vez mais a ficção confunde-se com a realidade, dando a Imperial Bedrooms um carácter autobiográfico. Como Clay, Ellis também se mudou de Nova Iorque para Los Angeles para escrever argumentos, neste caso para uma série da HBO. Aliás, este tipo de coisa já é recorrente em Ellis - mesmo o seu último romance, Lunar Park, é uma espécie de autobiografia ficcionada. E à semelhança de Menos que Zero, também este livro vai buscar o seu título a um tema de Elvis Costello. A primeira coisa que salta à vista neste livro é que o desencanto de Clay com a vida subsiste vinte e cinco anos depois, e quando criticado pela falta de vigor deste livro, o autor defende-se dizendo que se limitou a reflectir a falta de vigor do narrador Clay.

Apesar de ter recebido este livro em casa no dia em que foi colocado à venda nos EUA, passou-se algum tempo até conseguir fazê-lo passar pela mesa-de-cabeceira. Foi difícil de ler, sobretudo por se tratar da sequela de um livro icónico que tanto me marcou na adolescência. Por outro lado, Ellis perdeu realmente o seu vigor e continua a escrever mais do mesmo - tal como o seu velho amigo e companheiro de lides no Brat Pack literário, Jay McInnerney (embora este último tenha decidido enveredar por outros caminhos). Os livros de Ellis parecem repetir uma fórmula já gasta há muito, e desde a sua obra mais controversa, American Psycho, tem vindo a decrescer em interesse. É uma pena que Ellis não saiba reinventar-se e permaneça parado no tempo.

De referir que a edição portuguesa está anunciada para o final deste ano, uma vez mais pela Teorema.


Nota: 13,5/20

Thursday, July 8, 2010

O Peso do Silêncio (The Weight of Silence)




Título: The Weight of Silence
Autor: Heather Gudenkauf
Edição: Mira Books








Este livro passou pela mesa-de-cabeceira há uns meses, e deixou-me completamente KO. É daquelas obras que deixam uma marca indelével.
À partida poderia tratar-se de mais um thriller igual a tantos outros, sobre crianças desaparecidas. Mas aviso desde já que não.
Callie é uma criança meiga e sensível que sofre de mutismo selectivo desde muito pequena. Petra é a sua melhor amiga e voz, já que somente ela parece compreender o que Callie diz no meio do seu silêncio.
Numa manhã quente, ambas as famílias acordam e descobrem que as meninas desapareceram. E enquanto procuram as crianças numa corrida contra o tempo, juntamente com amigos e a polícia, percebe-se que o segredo para as encontrar reside no silêncio que oculta verdades esmagadoras e no peso que ele tem.
É este o ponto de partida para um livro soberbo, de uma autora até então desconhecida. Li-o em cerca de três horas, sem parar um bocadinho - aliás, a alternância de narradores confere à narrativa um ritmo alucinante do princípio ao fim, para além da densidade das personagens, a escrita brilhante e aqueles segredos ocultos que pairam sobre a história como uma nuvem esmagadora, um peso que sufoca e angustia. O silêncio pesa sobre todas as personagens como um coro de uma tragédia grega, sendo ele próprio quase uma personagem autónoma do livro, uma presença constante e, sobretudo, omnisciente. E só quando as palavras ocultas e sufocadas por todos os que rodeiam as meninas são desvendadas é que será possível encontrar Callie e Petra.

Quando este livro, ou melhor, esta obra-prima em ambos os sentidos, passou pela minha mesa-de-cabeceira, ainda não estava disponível em português. A partir de 15 de Julho estará, pelas mãos da Porto Editora, com o título «Por trás do silêncio». Porém, aqui preferi referir a edição americana que foi, de facto, a que li.
Nota: 18,5 / 20

Tuesday, April 13, 2010

Imperial Bedrooms



Este ainda não passou pela mesa-de-cabeceira mas, mal esteja disponível para venda, vai direitinho para lá sem passar pela casa de partida.
É verdade: Imperial Bedrooms está quase a chegar. Quase cinco anos depois de Lunar Park, o «cabecilha» do Brat Pack literário regressa às lides, e parece que em grande - o Clay de Menos que Zero está de volta, vinte e cinco anos depois. Argumentista de sucesso, Clay regressa a Los Angeles para passar o Natal, à semelhança do que sucede em Menos que Zero. De volta estão também as restantes personagens: Blair, a ex de Clay, que entretanto casou com Trent, Julian, que dirige um serviço de acompanhantes, e até Rip, o dealer, que já fez tantas plásticas que ficou irreconhecível. Pelo meio, e uma vez mais, teremos os aspirantes a estrelas, beldades, muitas drogas, promiscuidade q.b. e a ausência quase total de escrúpulos daqueles que habitam o lado negro das luzes da ribalta.
A ler vamos...