O Pai da Branca de Neve
Autor: Belén Gopegui
Edição: Minotauro
Sinopse:
«A protagonista espera em casa que o estafeta do supermercado lhe traga as compras. O estafeta atrasa-se e ela tem de sair. Quando volta descobre que lhe deixaram as compras em casa de uns vizinhos e que os produtos congelados se tinham estragado. Telefona para o supermercado para reclamar. No dia seguinte, tocam-lhe à campainha e ao abrir a porta dá de caras com o estafeta do supermercado. O homem diz-lhe que por causa do seu telefonema o despediram. A professora lamenta o incidente, mas o homem insiste: ela é a responsável, deve encontrar-lhe outro emprego.
A partir deste episódio, Belén Gopegui, uma das mais importantes escritoras da nova geração de romancistas espanhóis, tece uma narrativa que nos leva pelo mundo incerto dos limites invisíveis que unem e separam o privado do espaço público. »
Já andava de olho na edição castelhana, e foi com agrado que vi este título ser publicado em Portugal, e nem sequer o deixei passar pela estante: foi logo parar à mesa-de-cabeceira. A tradução de Miguel Serras Pereira e o esmero colocado na produção da colecção, em particular o design (a colecção já ganhou dois prémios internacionais de design) fizeram-me fechar os olhos ao PVP: 20 €. Após ter lido as primeiras 10 páginas, esqueci-me do preço - valera a pena.
A mensagem que este livro passa é que, tal como o pai da Branca de Neve que assistiu sem intervir às maldades perpetradas contra a sua filha, também nós assistimos ao que se passa na sociedade sem nada fazermos. Sabemos que as coisas estão mal, mas não só nada fazemos para as alterar, como somos cúmplices silenciosos ao permitir a continuação do statu quo.
Trata-se de uma obra excelente, que nos faz reflectir no nosso papel enquanto indivíduos e enquanto parte de um todo.
Nota final: 17/20
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